sexta-feira, 30 de março de 2012

Lembranças de bons tempos


Praça Edson impaciente caminhava pra lá e pra cá, em frente à bodega de Zé Correia, tecia um comentário: “magote de zíndio” Os rapazes eram mesmo cheios de artimanha. Os comentários eram desconcertantes. Cucuta, o filho de Dezinho era mestre em tiradas para tirar qualquer um do sério. Outro dia aconteceu um acidente na Rua de Itabaiana, um cara em um fusca bateu na casa de um sujeito chamado Silva. Derrubou a parede e deixou-o muito nervoso. Esse tal Silva falava tão rápido que nem ele mesmo entendia o que dizia, só dava para entender a primeira frase o resto era algo tipo “apatapatápatá”.
Ele vivia pelas ruas escarrerando os moleques que chamavam pelo seu nome “chicha” era assim que ele pronunciava “Silva”. Ele tinha grave problema com a voz. Pois bem no meio daquele tumulto , quando se busca uma explicação para o acidente , Cucuta se aproximou e teceu o seguinte comentário: “A casa é que está errada”, o pobre do Silva quase sofreu um infarto. Outro espetacular gozador era Febrônio, era uma figura hilária, possuidor de um sarcasmo incrível. Ele fazia parte do grupo de escoteiros de Frei Paulo e nos acampamentos era diversão garantida.
Edvaldo era chamado de Neném, um cara super descolado em Frei Paulo, possuía também um senso de humor negro incrível. Estava sempre presente nas atividades jovens, seja no esporte ou no teatro. Na suas representações no teatro de Frei Paulo cabia a ele os papeis mais engraçados. Outro cara incrível, Gilmar de Dezinho era um crítico mordaz de tudo. Participava ativamente das molecadas. Já Muel, filho de Zé Pequeno era tímido, mas muito brincalhão, não participava das molecagens, mas gostava de tecer seus ácidos comentários. Era uma geração cheia de provocação com os mais velhos, mas sempre com respeito. Andavam longamente pelas ruas no aconchego da pequena cidade.
As ações e comentários eram carregados de cinismo e veleidades. Depois eram ruidosas gargalhadas, quando a patota se reunia para passar a limpo as novidades. Muitos desses rapazes estudavam no Colégio Agrícola e passavam os dias esperando o momento de voltar para reunir a turma. Os meninos da época ocupavam-se em peladas nas quadras do educandário, todas as tarde pulavam o muro para jogar bola. E receberem as boas vindas de Lurdão: “Já vem Ladrão” “Já vem Ladrão” ela gritava isso a plenos pulmões, pois a turma fatalmente atacava as fruteiras de seu quintal. Ninguém se intimidava. Enquanto isso Sá Donona com uma bolsa de milho na mão chamava as galinhas “qui,qui qui qui”. O grande quintal era vizinho do educandário e possuía uma grande variedade de frutas. Na quadra as pelejas se desenvolviam hora em paz hora em guerras e pancadarias.

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