terça-feira, 11 de setembro de 2012

O fantástico poder da mente


O poder da mente sempre foi para mim algo interessante e meu pai Seu Bastos era um estudioso do tema , lia muitos livrinhos de cowboy sentado numa rede enquanto soltava graciosas baforadas de seus cigarros sem filtro. Lia compulsivamente por horas esses livrinhos que eram parte considerável de sua biblioteca. Mas Seu Bastos aproveitava também o tempo livre, para ler obras de parapsicologia, um tema controverso que ainda hoje empolga a muitos.
Ele era um autodidata que cultivou, mesmo a contragosto, fama de homem culto, inteligente e letrado, avesso às convenções sociais , gostava de política e no período eleitoral desafiava os poderosos com discursos desconcertantes , às vezes falando por horas e horas para uma platéia analfabeta de pai e mãe , não economizava palavras difíceis e termos gongóricos , ao que sempre resultava em efusivos aplausos.
Era o poder da mente posto a favor da política e das relações interpessoais. Bastos era um conquistador renomado e mesmo em idade avançada suscitava suspiros de donzelas que caiam na sua lábia. Folheava os empoeirados livros e tentava também captar ,conquistar um pouco que fosse daquele fantástico poder. Mas meu entendimento não alcançava quase nada daquela complexa teoria, de que a mente é capaz de fenômenos paranormais. Houve um tempo que perambulei pela cidade municiado de garfos e colheres, tentando a todo custo entorta-las tão somente com a força do meu cérebro. Parece que este ainda não se desenvolvera a ponto de realizar essas façanhas, as quais deixava boquiaberta toda a sociedade freipaulistana de olhos grudados assistindo as proezas de um tal Yure Geller na tela do Fantástico.
Ia para as aulas no Leal Madeira e vez por outra ia parar na sala do diretor. A minha tentativa van de colocar em prática minha força mental estava atrapalhando o aprendizado de toda a turma. Vendo que toda aquela concentração e esforço não resultava em nada, aproveitava momentos de distração da platéia e entortava com as mãos garfos e colheres. E dizia: “É gente, dessa vez parece que deu certo” A platéia incrédula desmistificava meu fenômeno parapsicológico.
Muitos autores consagrados dessa área tão fecunda do conhecimento humano, manda ter cuidado com nossos pensamentos, pois eles podem virar realidade. No meu caso virou mesmo,outro dia vi minha mãe reclamando do sumiços dos talheres. Estavam todos tortos e enrolados, mas com o poder dos dedos e não da mente.