segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um brega falando de amor



Poucos tiveram o privilégio que eu tive de ser amigo do cantor Adelino Nascimento. Eu gostava de recebe-lo em minha casa, ou mesmo quando ele ligava, a gente se encontrava nos bares. Era um romântico incorrigível, vivia para suas canções. E eram centenas de músicas e regravações ele orgulhosamente mostrava aos amigos os CDs com essas canções que ganhavam as paradas populares. Não precisava pagar aos locutores para tocar , os programas populares sempre tiveram vários de seus sucessos na ponta da agulha, pois inevitavelmente os ouvintes faziam questão de pedir seus bregas. E o fazem até hoje.
" Adeus Ingrata", "Toca o Telefone", "A garota proibida" , "Secretária da Beira do Caís" são augumas de sua músicas mais tocadas. Ele morreu em Aracaju, no dia 10 de março de 2008 vítimado por uma parada cárdio respiratória.
Adelino veio a Sergipe naquele ano a convite do prefeito de Japaratuba para uma apresentação, no sábado, já no domingo estava tomando umas na fazenda do prefeito , quando começou a passar mal , ainda foi socorrido e levado para o HURSE ( Hospital de Urgência de Sergipe) quando veio a falecer.
Aqui em Sergipe, o cantor tem uma imensa legião de fãs, mas poucos apareceram ao seu velório, a noticia de sua morte foi divulgada mas poucos acreditaram que era o artista mais romântico de sua geração que estava nos deixando. Fãs por aqui eram centenas, mas amigos mesmo eram poucos , entre eles Tonico Saraiva , músico e empresário que por muitos anos trabalhou com Adelino promovendo apresentações e o acompanhando com aquela sua guitarrinha chinfrin, a cara de todo brega e também aquela bateria. Tonico é multi instrumentista e um cara que por muitas vezes tirou Adelino de profundas crises de depressão.
Era um cara extremamente alegre e irreverente aprontava com os prefeitos e com todo mundo, era engraçado e nunca levou a vida muito a sério. Vivia em função de suas grandes paixões , a família de Maracaçumé no Maranhão e a propría música. Na gravadora Gema fez história com seus sucessos.
Adelino possuia uma voz maravilhosa e tinha técnica apurada para cantar, uma voz possante que aos poucos vinha sendo afetada pelo alcool que consumia em excesso. Muitos achavam o máximo aquela bebedeira e aquelas loucuras típicas de cantores consagrados, como os do Rock .
Mas os amigos mesmo, viam aquilo como preocupação. Não deu outra, sem se alimentar direto e com uma agenda exaustiva de shows Brasil afora levou o cantor a exaustão. Sem contar o abuso de drogas. Um lado lamentável de sua vida. Tonico disse que tinha fã que chorava ao ver seu estado. Às vezes como um farrapo humano. Queriam pagar tratamento para ele , mas ele não queria.
A última vez que nos encontramos , tomamos algumas cervejas no bar "Estação Verão", na Orla da Atalaia" rimos muito e cantamos várias músicas suas. Ele estava junto com o amigo Ed Valentin, que também deu pra cantor tornando-se "O PM Apaixonado" As três da manhã chuvia uma fina garôa quando ví sua figura esquálida se esgueirando pela madrugada "Thau Carlos" ele disse.
Li na internet que pouco antes de morrer, foi vítima de espancamento em Chapadinha, os marginais que fizeram isso foram parar atrás das grades. Foi uma covardia.
Estamos em fevereiro, época de carnaval, mas as paradas populares ,mesmo alguns anos após sua morte, não param de tocar seus sucessos , Adelino conquistou seu lugar na galeria dos grandes astro da música popular, faz falta sua personalidade, seu carisma e a irreverência desse cara que com apenas 51 anos se foi.
Para quem não sabe eu também já fui cantor brega, ele era meu gurú no brega , cantei suas músicas, ri de suas brincadeiras e chorei a sua irreparável perda tão precoce. Hábil , ao perder os contratos com as gravadoras, pulava para outras menores, mas não deixava de gravar novas músicas. No finzinho da carreira sucessos como "Eu preciso falar com você", um ano antes gravou "Porto Solidão" o sucesso de Jessé , lindo em ritmo de bolero. O mais incrível no trabalho de Adelino, era a sua originalidade. A sua voz tem uma marca registrada e por isso ele ganhou o título de "o cantor apaixonado do povão" Mas faço questão neste artigo de citar outras canções conhecidas do povo: "Traga passarinho", "Taxista" e o inesquecível clássico "Vou voltar pra São Luis". Falar de Adelino é sempre um prazer, pois dele guardo boas lembranças além das mais de 500 músicas gravadas .

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Um gigante do comércio sergipano


Vindo de uma prole numerosa, Oviêdo Teixeira iniciou-se no comércio, com toda humildade, varrendo uma loja de tecidos em Itabaiana. Alí ele permaneceu por dez anos e aprendeu a negociar como ninguém. Ele nasceu em 10 de abril de 1910, filho do casal João Teixeira e Maria São Pedro Teixeira.( D. Caçula). Em l929 reuniu as economias de sua mãe , algo em torno de 2.400 contos de reis e começou a trabalhar. por conta própria, na cidade de Ribeirópolis. Naquela época, chamava-se Saco do Ribeiro. Começou com uma banca de tecidos na feira. Já na primeira semana, apurou 900 reis, então viu que o negócio era bom. Algum tempo depois, surgia a sua loja a Casa Teixeira, que no ano de 1939 aportara em Aracaju. Folheando o album de família desse icone da história de Sergipe, é possivel ve-lo como mascate, sempre impecável nas roupas da época. Era Oviêdo, um otimista, um jovem empreendedor, que ousou romper as fronteiras do pequeno feudo e partir para negócios mais promissores. E assim fez o Sujeito, como era conhecido pois a todos se dirigia com essa palavra dita sempre de forma carinhosa. O pesquisador Luis Antônio Barreto sobre ele escreveu: "Sabino Ribeiro, Bastos Coelho, José Alcides Leite, Constâncio Vieira, Heráclito Dantas, Pedro e Mamede Paes Mendonça , dentre outros incluindo Oviêdo Teixeira, tiveram oportunidade e venceram, sustentando a atividade produtiva, mesmo quando, o açucar decaiu, o algodão quase sumiu do mercado, e o arroz do Baixo São Francisco e o gado deram sinais de declínio, empobrecendo dezenas dezenas de famílias ricas e poderosas"
Se existe um sergipano do qual podemos nos orgulhar é esse tal Sujeito, um desbravador que com sua atuação desenvolvimentista, rompeu com a arcaica política coronelista da época , sendo alvo de perseguições econômicas e políticas. Mas, a sua obstinação não deixava espaço para abrir mão dos seus sonhos. E assim lutou obstinadamente. Foi ao Rio e São Paulo e estabeleceu uma rota de mercadorias, algumas importadas de preço sedutor e qualidade comprovada.
Ainda pequeno , lá em Frei Paulo ainda ecoa nos meus ouvidos o carro de alto-falante circulando na cidade, com a musiquinha "Seu Oviêdo pra Senador"
Um dia na Praça da Feira no ano de 1966(ou seria na segunda derrota para o Senado nos anos 70) fomos surpreendidos pela decida de um helicóptero vermelho. Havia um vendedor de chapeu de palha, que ficou sem nenhum chapeu com o vento provocado pela aeronave. Oviêdo desceu e com elegâcia seguiu a cumprimentar a um e a outro na feira de Frei Paulo onde o povo já nutria por ele profunda admiração. Parecia um sonho, ver aquele helicópitero, cujo corpo lembra uma antena de TV , pousado alí bem na frente da casa de Seu Antônio de Germínio. O dono do Alambique Imbira, o homem que trouxe água encanada pra Frei Paulo. Oviêdo não foi eleito senador , mas seu filho José Carlos Teixeira, visto em Frei Paulo como um mito , foi eleito deputado federal e teve excelente atuação em defesa do pais. De volta à aeronave seguiu , não sem antes acertar as contas com o homem dos chapéus, seguiu então para Pedra Mole onde o velho prefeito Laves o esperava. Um amigo a toda prova. Lider nato com seu brio.
A trajetória desse empresário, conhecida de todos os sergipanos , será? Ele cresceu e fez história como homem honesto, dedicado ao trabalho e a família. Em 1962 ano em que eu nasci Oviêdo já era dono de grandes empresas e sua família a crescer em outros segmentos da economia sergipana, tais como a construção civil, através da Norcom ,e transportes, através do sogro José Lauro da Bomfim. E do neto Laurinho. Dava expediente diariamente na Cimavel concessionária Ford. Além disso, tinha também a Saboaria Celeste. Em 70 a Discar que era comandada pelo irmão Elpídeo e Carlos Lyra sogro.
Além de toda essa atuação empresarial Oviêdo era um respeitado criador da raça Indubrasil, suas fazendas eram modelos de como é possivel vencer no setor primário da economia. Isso o deixava muito feliz, ali ele se refazia das mazelas do dia a dia atras do balcão.
Oviêdo era simples, brincalhão, amigueiro e também um homem muito responsavel com seus negocios. Eleito deputado teve uma atuação pautada na ética e na valorização dos anseios comunitários. Em 2010 foi comemorado o seu centenário e entre os depoimentos de parentes e amigos destacamos o do seus filho, o engenheiro Luis Teixeira, ele relata uma viagem à Terra Santa quando o seu pai fez amizade com um jovem punk árabe ( é raríssimo punk por lá) depois de encontra-lo numa loja de lembranças, o jovem se apaixonou pelo jeito simples e o sorriso do Sujeito. Um dia depois numa fila eles voltaram a se encontar. Relata Luis ,e foi emocionantes a manifestação de alegria dos dois pareciam velhos amigos. Acho que o sujeito alí reeencontrou sua orígem cristã.
Eu tembém tive o privilégio de gozar da amizade do Sujeito , sempre ia visitá-lo na sua concorrida mesa na Cimavel. Entre outras coisas pedia conselhos pois também quero meu lugar ao sol. Outra vez, peguei com ele, uma carona de Aracaju para Frei Paulo, foram momentos inesqueciveis ele contava de sua vida e de sua luta naquelas terras. Um prazer ,uma honra de ainda jovem beber naquela inesgotável fonte de sabedoria, afinal alí , ao meu lado , estava uma das mais importantes personalidades da vida sergipana do século XX.
Oviêdo é um homem filosófico, antenado com a modernidade ,cuidou para que cada filho tivesse seu vôo próprio e conseguiu. José Carlos Teixeira foi um político que marcou época em sua luta pela fundação do MDB ( Na época a única trincheira de luta das oposições ) José Carlos Teixeira nunca se preocupou com dinheiro e aquele que era para ser o sucessor do grande exemplo de trabalho da família Teixeira prosperou no campos das idéias. sendo um fomentador insaciável da democracia brasileira. Os filhos Tarciso e Luis tocaram a Norcom a transformaram numa gigante do setor. João na Cimavel segurou a peteca e até hoje mantem liderança em vendas. Enfim, Oviêdo vivia em função da família, para ele mais importante do que a pátria. É com saudade que viamos ele falar de D. Alda , a zelosa mãe dos seus filhos que faleceu em 1979 deixando uma grande lacuna em sua vida. Ele morreu em 2001. perda irreparável para Sergipe. Uma coisa é certa, o Sujeito inspira até hoje as novas gerações de empreendedores e se for para falar em desenvolvimento e progresso em Sergipe há de se falar em Seu Oviêdo. Um gigante do comercio sergipano.


Frases de sua autoria:
"Triste do homem que não tem roda familiar"
"A pessoa que diz um sim sem carinho , está negando . É melhor dizer não"
"Na nossa vida não há problema sem solução"
"Ave Maria , quase tive uma vertígem!( Palavra dita logo após um vendedor ter dito o preço de uma peça)"
Após 38 anos de comércio de tecidos, sai do ramo. Há momentos na vida que não podemos titubear"
"O trabalho dá saúde e inteligência"

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O professor Tupinambá da Bahia


Na minha infância de menino travesso no sertão sergipano, convivi com figuras que muito bem poderiam povoar as páginas dos romances de Gabriel Garcia Marques. Eram tipos inesquecíveis . Meu pai era dono da Farmácia São Paulo lá em Frei Paulo. E ali ao meu lado, arrumava as caixas de remédio que o representante acabara de trazer, quando entrou na farmácia um sujeito esquisito , cabelão, bigodão, olhos remelentos e indormidos.
-Um envelope de Engov por favor. Seu Bastos se dirigiu ao Balcão e de dentro tirou o pedido do tal forasteiro e o entregou.
Ele imediatamente começou a amassar o envelope transformando-o numa bolinha enquanto com olhar fixo pronunciou:
-O Sr. tem condições nacionais e internacionais de me confiar esse remédio. Seu Bastos com aquela fúria no olhar arrebatou de suas mãos os comprimidos e deu um rotundo não.
O homem sem camisa aparentando ter lá seus 60 anos seguiu em direção a pensão de D. Zefa, aquele caminhado desengolçado cruzou a praça Capitão João Tavares. Achei ele engraçado e sai atras dele. Na hora apareceu outro colega e seguimos o curioso estranho.
Dirigiu-se a nós de forma amável e cortez e nos convidou para um passeio em seu carro. Assim que sentamos no banco trazeiro ele arrastou com seu opala velho em alta velocidade na direção do Curral do Açougue, não parava de desferir tapas e mais tapas. (foram momentos de muito medo) Nós choravamos e gritavamos e ele se deliciava com a situação. Que sujeito mais esquisito. Por sorte, o carro faltou gasolina e ele foi lá mexer no motor. Já estavamos próximo à ponte do Salgado . Eu e meu colega escapamos e voltamos à toda para a cidade.
Isso aconteceu numa sexta-feira e sábado pela manhã no meio da feira lá estava ele cercado de gente incalta. Pregava ele com seu olhar fixo, como os profetas do velho testamento. "Eu sou o Professor Tupinambá da Bahia, passei duzentos anos na mata virgem comendo planta e raiz de pau". Pronunciava com profunda convicção.
O cara era um celerado , um louco e não faltava quem se dispusesse a uma consulta onde ele arrancava cada centavo dos pobres sertanejos, mediante mentiras criadas na hora para cada situação. Hora dizia que a vítima estava sendo traido pela mulher. Por outra era o irmão que estava querendo lhe passar a perna na herança. O professor era um picareta de marca maior um salafrário ladrão que tinha como profissão engabelar os coitados que caiam no seu conto. Diz ele, a um agresteiro: não faça feira não para aquela infeliz, dê esse dinheirinho ao Prof. Tupinambá que tudo vai ficar bem na sua vida. E num canto, se contorcia, fazia presepadas com as mãos e orações que pelo jeito deviam até xingar a Deus.
Esse famigerado Professor Tupinambá vivia pelas feiras do Nordeste enganando a um e a outro na sua vida de charlatanismo profissional. Talvez por isso, tinha a triste sina de ser um beberrão contumaz. Assim que acabava de atender um cliente aquele pobre diabo ia direto para a vendinha e entornava um copo de cachaça.Tinha na face como que escrito que era um vigarista, mas mesmo assim alguém caia no enrredo de sua tramóia. No pescoço trazia vários colares do candomblé. Cabelos em desalinho , barba por fazer. Um bigode que ele cuidadosamente enrroscava nas pontas. Era branco, um corpanzil corcundo, barrigudo. Sua voz lembrava o ronco de trovão, seu olhar tinha a constante sensação de desespero.
Domingo logo cedo , do alto falante da Matriz ouvia-se a voz do Pe Zezinho cantando " Estou pensando em Deus' quando aquela criatura diabólica desta vez com uma nota de dez na mão, dirigiu-se a meu pai que abria a farmácia.
-O Sr tem condições de ... A você nem por um milhão, respondeu Seu Bastos, de cara amarrada!

Elogio ao meu lugar


É muito bom morar aqui ... A Coroa do Meio sempre foi amor à primeira vista. Sua gente humilde e batalhadora, os amigos em todas as esquinas e o privilégio de estar pertinho da Atalaia. Fiquei longos anos longe dessa gente e desse pedacinho de Aracaju que tanto amo. Agora do alto do meu terraço observo o maravilhoso por do sol e só tenho a agradecer a Deus. Por estar de volta e poder contemplar essa paisagem maravilhosa. Todos os dias esse espetáculo da natureza está à minha disposição. Estou muito feliz na nova morada. Poder acordar e me deparar com o manguezal e suas aves incríveis, garças socós e algumas que nem conheço mas que escuto o seu canto incomum. Aracaju é a cidade que amo e não a trocaria por París, Londres, Rio ou São Paulo. Lugar nenhum do mundo. Aqui o balanço das horas só me dá prazer. Se viver em Aracaju é bom , imagine na Coroa do Meio com esse por do sol e as histórias incríveis das esquinas. Ali se criou-se muitos bordões como o inteligente "Aí sabe" Aqui artistas e cantores tembém habitam. Mas nem tudo são flores. Foi-se os barracos , mas infelizmente a violência continua. Droga e crimes também fazem parte da paisagem. Apesar de tudo, é muito bom viver aqui. Saio para trabalhar e ao voltar quem sabe um banho de mar , uma caminhada à beira mar ou o caranguejo dobrado, mania de brasileiro, ou cervejinha bem gelada.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Menino de Puxinanã


Um dia eu conheci pessoalmente o autor da música "Carcará", José Cândido da Silva. Ele morreu em 2008, deixando uma grande contribuição para a cultura brasileira. Natural de Santana do Ipanema, esse alagoano deixou sua terra ainda na adolescência vindo morar em Aracaju e alguns anos depois mudou-se para o Rio de Janeiro onde viveu 40 anos de sua vida. Outras canções do autor Uricuri, Pé do Lageiro, Apelo ao Vento, dentre tantas outras foram gravadas por grandes nomes de nossa MPB entre eles Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda , Luis Gonzaga, Nara Leão, Ton Jobim, Clara Nunes , Maria Betânia entre tantos outros.
Que a fama deste poeta cresceu a partir dos anos 50 , ninguém tenha dúvida. Seu estilo rico em arquétipos da vida sertaneja conquistou as rádios na voz de famosos . E eram xotes, marchinhas carnavalescas e tantos outros estilos que o autor incorporava à sua obra. Conhecido internacionalmente como compositor, mas pouco conhecido como romancista. Muito embora a mesma riqueza encontrada nas músicas estão nas crônicas do romance "O Querubim" obra que agora tenho às mãos e que foi presente de seu autor. São diálogos bem reais :
" O que aconteceu com você? Está estranha, você nunca foi assim. Parece que o mundo desabou sobre você!
Azar, muito azar você se lembra daquela conversa que tive contigo sobre um tal Roberto?
Sim claro!
Pois o tal Roberto é esse que você acabou de atender agora"
Liguagem simples e presente no nosso dia a dia mas quando o assunto é guerra cresce a tensão:
"Natália acompanhava, sistematicamente através dos jornais tudo que se relacionava com a Segunda Guerra Mundial A campanha, o desempenhos da Força Expedicionária Brasileira , os grupos, os respectivos comandantes, os ataques fracassados , os vitoriosos, A tomada de Monte Castelo, a ocupação de Montese e de Alexandria e finalmente o anúncio do fim da guerra mais precisamente em maio de 1945. Natália éra só euforia, alegria, contentamento. O anuncio do retorno da FEB ao Brasil, que seria nos meses de julho a outubro daquele mesmo ano. Ela comentava com os amigos a volta de seu amor, pai do seu filho. No entanto seu entusiasmo duraria pouco. Foi quando o comando da FEB anunciou as baixas ocorridas durante os combates no campo de batalha. Quatrocentos e cinquenta pracinhas haviam sido mortos e enterrados no cemitério de Pistóia, Itália."
Em 1977 o autor levado por forte emoção a mesma que o direcionou para a música, lançou sua autobiobrafia, através do Livro que também tem o mesmo título do cd musical que me presenteou "O Menino de Puxinanã"
José Cândido fez outras composições importantes , entre elas podemos citar "O Segredo do Sertanejo" também em parceria com João do Vale. O Menino de Puxananã é uma obra atual que conta de forma verdadeira a sua trajetória e o amor por Santana do Ipanema, Puxananã e Aracaju essa terra dadivosa que abrigou ainda menino o autor da música Carcará.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

A Ditadura era muito burra




Em l980 vencemos a eleição no Atheneu Sergipense para comandar aquele que era o mais oposicionista dos grêmios estudantis. Por onde havia passado Wellington Mangueira e tantos outros colegas comunistas. A chapa Ação que havia sido derrotada na eleição passada tendo como presidente Marcelo Déda, se reerguia desta feita, tendo Marcelo Barreto como presidente e eu como vice. Na verdade os grêmios livres tinham sido todos eliminados pela ditadura militar, pois as entidades faziam política estudantil voltada para conscientização política, e as apostilas marxistalenilistas faziam parte de nossas leituras favoritas. Foram criados os "centros cívicos" entidades pelegas cujo os atos políticos mais releventes se resumiam a astear o pavilhão nacional ou organizar cansativos e enfadonhos sarais de poesia.
Naquela época ressurgia com força o movimento secundarista e nos reuniamos em uma pequena sala no DCE da Rua Campos, além do espaço, o presidente do diretório central dos estudantes da UFS, Clímaco César nos sedia também uma mine off set para confeccionar nossos panfletos e jornais.
Tinhamos colegas em quase todas as escolas . No curso Visão, no Pio Décimo, no Tobias Barreto, o movimento só crescia e a nossa bandeira era meia passagem, regulamentação dos grêmios livres.
No Atheneu, sofremos muita perseguição política por parte do prof. Leão Magno Brasil, ele era um fascista até debaixo d´água. Usou dos expedientes mais escusos para não dar posse a nossa chapa vitoriosa. Tivemos que impetrar um mandato de segurança para tomar posse. Mas a medida judicial não foi necessária porque o secretário de educação Antonio Carlos Valadares (exemplar democrata) nos chamou a seu gabinete e garantiu nossa posse.
Mas as perseguições na escola não pararam, fui suspenso por 15 dias acusado de ter andado de bicicleta nos corredores da escola . Colegas de nossa chapa eram pressionados pela família , os pais eram chamados e diziam que eramos comunistas , verdadeiros marginais .
Na verdade, pouco tempo depois, pressionado pela família, Marcelinho deixou o Atheneu e quando regressei das férias fui comunicado que todas as diretorias dos centros haviam sido cassadas e um edital assinado por Valadares recriava os grêmios livres. Para nossa surpresa as convocações de chapas para concorrer estavam expiradas foi tudo arranjado para nos excluir do processo.
Mas nem por isso a nossa geração deixou de lutar. O Movimento Secundarista promoveu um encontro estadual que aconteceu no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe que foi um sucesso. um embrião para as grandes conquistas do Movimento Secundarista de Sergipe.
Eu continuei atuando politicamente. Perticipava de atos públicos e reuniões . Uma noite sai para colar cartazes com dois grandes guerreiros , Goisinho e Marcelio Bomfim. Era a luta contra a Lei de Segurança Nacional. Depois veio a luta pelas Diretas Já. Paralelarmente surgia o PT. Nos reuniamos numa salinha no primeiro andar do Cine Pálace. O PT eram 10 pessoas. Tenho plena certeza que a luta valeu a pena, apesar dos dissabores.
Como esquecer de colegas como Djenal Nobre , um grande batalhador pelos direitos dos negros e dos estudantes. Do prof. Diomédece que nos dava uma linda aula de socialismo. Outro dia visitando minha ficha no Atheneu me deparei com um relatório absurdo sobre minha pessoa , cunhado por um facínora, algo que bem lembra os tempos negros da repressão e da ditadura que cometeu tantas injustiças , torturas e crimes terríveis. Além de burrices é claro. Ao invéz de me sentir ofuscado por aquelas palavras tão mentirosas anexadas ao meu histórico escolar, senti foi orgulho de minha trajetória como estudante. Se pudesse voltar atrás faria tudo outra vez.
Tive a oportunidade de conviver com pessoas inteligentes e especiais , eles eram na época caluniados e faziam questão de coloca-los na condição de monstros, Só porque queriam justiça social e direitos para o povo. Hoje eles são tratados como heróis. Na verdade a ditadura era muito burra. Prendia e sumia com pessoas que jamais mereciam aquilo. Em Sergipe a Operação Cajueiro( 1976) deixou marcas terríveis e como bem disse o jornalista Milton Alves, a imprensa local silenciou diante de tamanha atrocidade. Na verdade a ditadura militar era muito burra. Um velho comuna, certa feita me contou que em 1964, em pleno golpe militar a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura) divulgou na América Latina um cartaz contra a miséria . No referido cartaz via-se uma criança negra com um pratinho vazio na mão. Conta o velho comuna que muitos companheiros foram torturados e levados ao pau de arara. Do outro lado entre um choque e outro o torturador repetia "Vamos rapaz eu sei que você sabe quem é esse subersivo fdp, esse tal de Unesco"

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O patriarca do transporte de Sergipe


Ontem o empresário José Lauro Menezes Silva completou 75 anos de vida. Um existência devotada ao trabalho e ao desenvolvimento de Sergipe. Ele é o exemplo vivo de que sonhos podem virar realidade. Ontem por acaso, assisti ao pronunciamento do Pastor Virgílio , vice presidente nacional do PSC, no plenário da Assembléia Legislativa de Sergipe. Uma frase desse sábio pastor me chamou a atenção: "Deus não abençoa preguiçoso" Isso é a pura verdade, Deus ajuda a quem trabalha e José Lauro Menezes, desde a sua infância, foi fascinado pelo trabalho e um obstinado perseguidor de seus ideais. Tudo começou há pouco mais de cinquenta anos, quando o empresário Oviêdo Teixeira pai de sua esposa Gilza Teixeira, um inquieto investidor, teve a brilhante idéia de comprar três marinetes. Oviêdo queria que sua filha morasse em Aracaju e deixasse pra trás a vida bucólica que levava na Fazenda Maxixe, propriedade de Zeca Barbosa pai de Lauro Menezes. Em 24 de fevereiro de 1960 surgia a a Empresa Senhor do Bomfim. Lauro deixou vacas e bezerros de lado e abraçou a nova empreitada.
Lembro de minha infância em Frei Paulo, nos fins dos anos 60, quando os viajantes acordavam as 4 da manhã para embarcar com destino a Aracaju no "Caminhão do Leite" uma perigosissima aventura a que muitos ali se submetiam de forma gratuita. Agarrados em vasos de leite estudantes partiam para estudar no Colégio Agrícola. as vezes sob a chuva.Trilhando em alta velocidade as estradas piçarradas. Vidas foram ceifadas nesta aventura inglória. Em contrapartida era lindo ver adentrando a cidade os modernos ônibus da Bomfim , muito embora a modernidade não tenha dado fim ao risco do carro do leite. Lembro a primeira vez que andei de ônibus, com meu pai seguia para Carira. Sentei na primeira poltrona e me deliciava com o conforto mesmo naquelas empoeiradas estradas do sertão.
Foi o elevado tirocínio empresarial de José Lauro fator primordial para a modernização do transporte de passageiros em Sergipe , gradativamente apliando linhas, ligando a capital a diversas cidades do interior e posteriormente a outros estados. Isso numa época em que o transporte se resumia a bondes puxados por jumentos. Aos 75 anos , completados ontem, Lauro Menezes preserva o vigor e a energia dos grandes guerreiros, um exemplo a ser seguido pelas novas gerações de empreendedores. Lauro é um empresário cuja importância para o desenvolovimento de Sergipe é imensurável. Sua vida se confunde com trabalho , lealdade e a certeza do dever cumprido. Por isso está de parabéns. A Bomfim tornou-se uma empresa que é referencia para o Nordeste, sua frota possue os melhores ônibus, e o gerenciamento está sempre atento ao avanço tecnológico do setor , para atuar sempre na vanguarda. Esse é o objetivo de José Lauro perseguido com o mesmo entusiasmo de sempre.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Coronel Resende é o novo comandante da PM


A posse do coronel Resende, ocorrida ontem no Cefap foi um grande evento, prestigiado pelos mais variados grupamentos políticos do Estado. O novo comandante chega ao cargo fortalecido contando com o respaldo da tropa que acredita no seu trabalho e espera que ele cumpra seu papel. Uma coisa não se pode negar. No governo de Déda a Polícia Militar foi restaurada e os seus membro passaram a se orgulhar da farda. Apesar dos conflitos iniciais e as guerras internas a corporação tem hoje outra cara. Déda investiu em equipamentos mas não esqueceu dos seres humanos. Hoje um soldado em Sergipe é bem remunerado e a PM possue diversos batalhões organizados e prontos para combater o crime. Quem assistiu ontem ao desfile de posse do novo comandante pode constatar que uma tropa motivada e orgulhosa de suas atribuições é muito importante para o tipo de missão que esses homens desempenham. Quanto ao coronel Resende, ninguém tenha dúvida, é o homem certo no lugar certo. Amigueiro e ciente de sua responsabilidade encontra respaldo para realizar um grande trabalho e para isso não falta apoio que vem desde os simples soldados aos oficiais mais graduados. A Polícia Militar de Sergipe tem hoje um contingente de mais de seis mil homens. Em breve o governador Marcelo Déda estará abrindo concurso público para contratar mais dois mil homens. Uma coisa não se pode negar o governo do estado tem investido na segurança pública e o resultado já começa a aparecer , é só confrontar os números para se chegar a essa conclusão. Um polícia forte e ostensiva significa garantia de segurança para o cidadão. Isso em Sergipe hoje é uma realidade coisa que em outros estados ficou só no discurso.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Uma liderança emergente,um novo estilo de fazer política!!!

Amigos que foram prestigiar sua posse em Brasília

Que os políticos entraram num terrivel desgaste perante a opinião pública , isso não há dúvida. Aqui em Sergipe não poderia ser diferente pois existe uma crise de novas lideranças, ao que parece, os caciques políticos daqui nunca se preocuparam em preparar sucessores. Foi neste cenário, de completa desolação, que surgiu algo de novo. Um jovem idealista que já demonstrou sua competência na área empresarial e que faz a sua estreia na política local apresentando algo realmente novo. Esse político é Laurinho da Bomfim. Em pouco tempo, e com sua determinação , seu entusiasmo, vem se destacando no cenário político local como uma liderança emergente, que promete ir longe na sua trajetória.

Eleito como primeiro suplente do senador Eduardo Amorim do PSC, Laurinho mostra que tem luz própria, e com a descrição que lhe é peculiar, tem sido peça fundamental no processo de mudança por que passa Sergipe neste momento. Um rapaz correto , leal e que no seu dia a dia demonstra interesse em ajudar aos menos favorecidos. Ele é sobretudo um abnegado, abriu mão do seu conforto para chegar até as periferias com uma mensagem de esperança para milhares de sergipanos que vivem abaixo da linha da pobreza e não vislumbram qualquer melhora. São pessoas esquecidas pelo poder público.

Neste último natal, Laurinho presenteou milhares de crianças e faz isso sem interesse eleitoral, mesmo porque ao contrario de muitos políticos que depois de eleito somem. Ele fez questão de refazer cada passo por onde andou em busca de voto. Assim que soube da estrondosa votação de Eduardo Amorim nas urnas, um feito histórico. (E que foi a dedicação de Laurinho fator primordial para a expressiva votação de Amorim isso ninguém tenha dúvida.)

Laurinho da Bomfim com sua humildade, vem fomentando a justiça social e com isso inaugura uma nova maneira de fazer política em Sergipe, sem clientelismo nem a hipocrisia que impera nesta famigerada casta. Cada dia mais abre portas e ganha mais admiração. É um otimista, um visionário e as vezes até beira as raias da utopia o seu inovador projeto político voltado para o desenvolvimento sustentável.

Ideológicamente falando Laurinho não ostenta qualquer rótulo e sobre ele jamais pesou a pecha de capitalista selvagem, apesar de integrar a classe patronal como empresario do setor de transporte urbano. Sempre acreditou na força do trabalho e na liberdade de ação do capital, mas tudo isso, permitindo a livre iniciativa com desenvolvimento e justiça social. Por isso defende melhor distribuição de renda, preservação do meio ambiente e qualidade de vida para as pessoas. É algo de novo na política

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Grossura x Lesma de Pau


Quem nunca sonhou ser um jogador de futebol? Pois eu nunca sonhei, apesar da paixão platônica pela bola sempre tive plena consciência de minhas limitações quando se trata de habilidade com a pelota. Na minha infância em Frei Paulo sempre fui o dono da bola e escalado para jogar no gol. Isso gerou em mim uma profunda frustração e por essa razão, há muito tempo não jogo bola, nem no sonho. Mas essa semana joguei no pesadelo. Acho que exagerei um pouco no jantar e quando me envolvi no sono profundo, estava já em campo. Era uma partida estranha . Minha irmã era a minha técnica e com a sua simpatia que lhe é peculiar, foi logo sentenciando. "Prepare-se para perder. você está na final da copa que vai eleger o pior jogador do mundo" Eu? Olhei para os lados e a torcida era um bando de zumbis enfurecidos, jogavam tomates podres e toda sorte de porcaria. O campo tinha as dimensões de uma quadra, uma paredinha e tela. Do lado direito a torcida do meu adversário o Lesma de Pau. Do esquerdo a minha torcida que gritava com vigor: "Grossura, Grossura". Onde diabos me arrumaram esse apelido. Perguntei à técnica porque eles torciam por mim . Ela foi curta e grossa explicando que eles eram torcedores descontentes com o Lesma de Pau e que revoltados torceriam por qualquer um que estivesse ali. Minha tocida parecia maior. O juiz era um cara gordo, canecão de cerveja na mão, olhar de durão usava uma camisa puída do Vasco. Pelo seu bigode parecia um português. O apito uma mine flauta tinha o som de buzina de trem. Minha técnica disse que pesquisou o adversário, Lesma de Pau por muito foi considerado um crac, jogava no CSU, sempre na reserva , mas o alcolismo o afastou dos campos e passou a jogar buraco.


O juiz apitou fomos para o centro do campo, comecei a me aquecer dando pique no lugar e flexão, quando ouvi um estalo. Aí foi o meu menisco. Chamaram o massagista quando o negão que lembrava Geraldão entrou correndo fiquei bom na hora. E saí correndo...


Quando o jogo começou via bola rolar com desenvoltura nos pés já não tão hábeis do Lesma, vi também a pelota escapolir na minha direção na altura ideal para soltar aquele canhão. Mas quando chutei parecia que tinha chutado uma bola de assopro, a bola foi para o lado batendo na parede e voltando ao campo adversário. Olhei ela no centro e ví a marca "canarinho", ninguém merece. O jogo todo só dava isso, os goleiros dormiam o tempo todo na rede . A bola era muito leve por isso nem eu nem o Lesma conseguia uma finalização, tudo ia parar na parede. O primeiro tempo acabou zero a zero e fui para o vestiário ouvir os xingamentos de minha técnica. Ainda antes de voltar a campo o reporter Pingo de Qualhada me perguntou sobre o jogo. Eu falava como um jogador profissional,cuspia a cada três palavras e disse que iria levantar a cabeça e sair com um resultado positivo. Numa mesinha ao lado destinado à crônica esportiva. o comentarista Wellington Golias , o diabinho, de rabinho e tudo, fazia , um efusivo comentário "passes perfeitos e sincronizados" "devoluções precisas" por fim arrematou: a parede foi a maior figura em campo em campo. O segundo tempo prosseguiu com um festival de micos e quixotadas. Ainda bem que acordei antes do fim do jogo.