segunda-feira, 19 de março de 2012

No começo tudo era mata e índios


No começo era tudo mata e os índios habitavam essa região. Eram as matas de Santo Antônio e Almas de Itabaiana. Aqui viviam os índios Ibiracemas, na Chã da Imbira, nas margens do Rio Imbira. Era interesse dos portugueses colonizar essas terras para conter a invasão de holandeses e franceses. Por isso o rei de Portugal, passou a doar glebas dessa terra para o plantio de algodão e a criação de gado. El Rey dava a quem quisesse essas terras da Chã do Jenipapo, Gruta Funda, Chã da Imbira para impedir o contrabando de pau brasil e expulsar os índios da região. Contava minha avó D. Mizinha que sua tia Belinha narrava as histórias contadas por seus antepassados que dão conta que o alferes José Alves e Brás Vieira Matos eram os donos dessas terras.
O alferes se instalou com sua família perto de uma fonte de nome Olhos D’ água das Bestas, por que era ali que os animais bebiam, depois ganhou o nome de “Tanque de Beber” Mais tarde construíram o Tanque dos Cavalos. Isso remota ao ano de l840. Segundo Belinha, seu avô José Alves era um homem religioso, foi ele quem trouxe de Itabaiana os missionários capuchinhos, Frei Paulo Casa-nova e Frei Davi. Em 1860 eles chegam à região e numa santa missão realizam casamentos e batizados nas propriedades além de pregarem o evangelho.
Em janeiro de 1868, voltam dispostos a construir no planalto da Chã do Jenipapo, uma capela. Acompanhados de outros agricultores sobem por uma vereda até chegarem ao planalto, no meio de roças de milho e mandioca. Então pronunciou o frei: "Belo e gracioso lugar para se construir uma igreja onde Deus seja louvado e conceda muitas graças a seus adoradores.” E assim o fizeram, ergueram a capela em taipa com cobertura de palha no terreno doado por José Alves. Então Frei Paulo dedicou a capela ao apostolo São Paulo. Em 25 de janeiro daquele ano, a benzeu, e com o passar do tempo, a Chã do Jenipapo passou a se chamar São Paulo.
O frade cheio de entusiasmo profetizou: “Vereis ao derredor desta Casa Sagrada, muitas casas, morada dos adoradores do senhor onipotente” Gente da Serra Preta, Alagadiço, Flechas, acostumaram a subir a colina para participar da Festa de São Paulo. José Alves fez uma estrada de sua casa até a capela, conhecida como “Ladeira” Logo os moradores começaram a habitar o local, Chico de Janjão, meu bisavô, construiu sua casa do lado direito da capela. As casas eram feitas de abobe, um tijolo feito de barro cru. Aqui tinha duas olarias para a produção desse material. Uma delas misturava o barro com palha para torná-lo mais forte.
Em 1879 Frei Paulo Casa-nova e Frei Davi trouxeram um presente, ao vir benzer a nova igreja, construída com muita devoção pelos moradores, eles em procissão subiam a ladeira cantando e transportando os tijolos. Naquele ano, o frade trouxe de Portugal uma imagem de São Paulo. A imagem desembarcou em São Salvador da Bahia. Do Convento da Piedade veio de navio para Aracaju e de saveiro até Laranjeiras, e depois, em carro de boi até São Paulo. Foi uma grande demonstração de fervor religioso de nosso povo, gente dos povoados vieram assistir ao ato, gente humilde da Serra Redonda, Serra das Campinas, Serra Preta, Alagadiço, Mocambo, Coité, Gruta Funda, Molumgú, Piabas, Jibóia, Imbira, Lagoa Nova, Catuabo, etc. A festa foi linda e animada pela banda de pífanos do Sr. Antônio Goes, avô de Germino Goes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário