quarta-feira, 18 de setembro de 2013

É FRIBOI.

A Vigilância Sanitária de Aracaju apreendeu cerca de 250 quilos de carne industrializada e cerca de 100 embalagens de iogurte, ambos de famosas marcas, que estavam sendo comercializados com prazo de validade vencido. Até carne podre estava sendo comercializada, segundo informações do coordenador da Vigilância Sanitária do Município de Aracaju, Ávio Batalha de Britto. A operação da Vigilância Sanitária foi articulada a partir da denúncia de uma dona de casa que levou ao gabinete do coordenador da Vigilância Sanitária alguns quilos de carne de famosa marca, que apresentava forte mau cheiro e contaminada por larvas, conforme informações do coordenador Ávio Britto. A equipe da Vigilância Sanitária, com apoio da Guarda Municipal, articulou a operação e flagrou o comerciante atuando numa feira livre à noite instalada na avenida João Ribeiro, em local próximo à Praça João XXII, na noite da terça-feira, 17. Com o comerciante, os fiscais apreenderam cerca de 250 quilos de carne, iogurtes, queijo coalho e outros alimentos perecíveis que estavam sendo comercializados irregularmente com prazo de validade vencido e sem refrigeração.

domingo, 15 de setembro de 2013

Mesmo com redução prefeito tem salário de Marajá

O prefeito Airton Martins -PT- da Barra dos Coqueiros, assinou decreto, reduzindo o salário de prefeito em 50%. A informação está afixada no Mural do Quadro de Avisos na sede da Prefeitura Municipal. O salário que Airton e o vice Prefeito Claudio Caducha, percebiam foram fixados e aprovados na gestão passada. O ex prefeito, antes da eleição, encaminhou para a Câmara de Vereadores a proposta de aumento de proventos. A Câmara - que o apoiava e acreditava na reeleição - aprovou... Isso é o que ele diz... O prefeito Airton Martins na verdade, só decidiu reduzir o seu salário de marajá , nove meses depois. Isso porque a oposição cobrou e várias denúncias foram veiculadas na imprensa. Mesmo com a redução em 50 por cento do poupudo salário que passava de 24 mil reais mensais, ele e seu vice continuam ganhando muito bem, uma vez que raramente dão as caras na prefeitura para trabalhar. Durante vários meses, nas aparições públicas que fez, o prefeito Airton Martins repete um discurso que não condiz em nada com a prática. Fala em ajudar os mais carentes, porém sua gestão até o momento não disse para que veio uma vez que os problemas sociais e a estrutura do município está cada vez mais decadente. Agora falta ele devolver aos cofres públicos, ou mesmo doar aos tantos que passam fome, que ele tanto cita nos seus discursos, a diferença do que recebeu ilegalmente nesses 9 meses, uma boa dica para o Ministério Público fazer justiça e devolver esses valores consideráveis, aos verdadeiros donos: o povo da Barra dos Coqueiros.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Uma lição de mestre

Dentre os sergipanos ilustres que marcaram presença e se destacaram no século XX, Zé Peixe ocupa seu lugar de destaque nessa pequena galeria de notáveis. Para quem ama ,o que o renomado historiador, Luis Antonio Barreto, de saudosa memória, denominou de sergipanidade, é impossível não vibrar ao ler ou ouvir os feitos do prático Zé Peixe. Prático é aquele homem que guia grandes navios. Um dia o Fantástico da Globo, mostrou como era a vida de Zé Peixe no seu exótico trabalho. Saltava dos navios e nadava na sua frente guiando a embarcação pela parte mais profunda do mar para evitar que o navio encalhe nos bancos de areia que , nos mares de Sergipe são móveis e não tem local para aparecer . Os capitães de grandes petroleiros que cruzaram a plataforma continental nas últimas décadas sempre teceram comentários elogiosos ao heroísmo e determinação de Zé Peixe. Era uma figura simples e muito humilde, era comum ver essa celebridade sergipana de calção, pés descalços , cruzando o calçadão da João Pessoa ou a Avenida Ivo Prado com sua pele ressecada por horas e horas de sol e sal. Conversava alegremente com todos e fazia pouco caso para sua fama internacional. A Marinha do Brasil já fez diversas homenagens a Zé Peixe, por sua atuação brava , afinal em quase todos os naufrágios que ocorreram na costa aracajuana, ele era o primeiro a chegar e o último a sair. Não queria sossego enquanto o último tripulante não estivesse a salvo. Felizes daqueles que foram contemporâneos desse sábio nadador, para muitos um anjo salvador diante da fúria do Atlântico. Uma lenda cantada em prosa e versos em Sergipe e além fronteiras. Já com idade bem avançada Zé Peixe nadava com boa desenvoltura e os pescadores cansavam de encontra-lo em alto mar, todos os dias nadava quilômetros e quilômetros, passeava pelas plataformas de petróleo, sendo um alento para marinheiros perdidos em meio as tormentas das tempestades da nossa costa. Aparecia como um anjo salvador para os desesperados náufragos, todos sabem o quanto é traiçoeira a boca da barra. Um dia Zé Peixe surgiu entre as ondas da praia do havaizinho e logo, uma roda de surfistas se formou e começaram a lhe perguntar sobre marés ventos etc. Ao assisti a essa mine aula vi ele dizer: “Hoje é o único dia do ano que a maré faz esse movimento ao contrário, puxando para a esquerda”. Curioso perguntei como ele conseguia nadar naquele mar revolto e não esqueço seu olhar amável e afável e a paz que transmitia com uma aura quase que de santo. “ Nadar é como caminhar, você vai devagar e chega a onde quiser” e advertiu que muito barulho ao nadar pode ser perigoso, atrai a atenção dos tubarões. Zé Peixe era inigualável em assuntos marinhos, uma autoridade em conhecimentos dos oceanos . Um desbravador dos seus mistérios.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Um vôo sobre o tabuleiro de Pirro

Exímio piloto em terra água e ar, Arivaldo Carvalho, é um sergipano que desafia seu tempo, ousando ingressar com mestria no emocionante território da aventura. O fascínio pelo ronco dos motores começou muito cedo e com isso a paixão pela velocidade. Idéias que para sua época eram revolucionárias, como por exemplo voar num tempo em que a tecnologia ainda engatinhava, pois o que se via nas aeronaves da época era fruto do pouco que se desenvolveu na aviação da segunda grande guerra. Assim Arivaldo Carvalho buscou excelência na sua atividade profissional para tornar realidade suas utopias. Investiu nos sonhos. Viveu... Quem em Aracaju não reconhece sua trajetória como empresário, uma marca de seriedade competência e honestidade . Na sua empresa a Serraria Carvalho se destacou como comerciante e colocou os filhos no caminho do trabalho e estes passaram a admirar e a imitar o idealismo e ousadia do pai. Nos tempos dos velhos Sincas e Aerowilis, os carros mais cobiçados da época, Arivaldo Carvalho pisava fundo e incitava os jovens de sua geração às competições. Pouco tempo depois surge a paixão pelo Kart. E nos carrinhos ele não só se revelou como um grande piloto como formou uma escola de campeões. Ele foi um dos idealizadores do kartódromo e também fundador do Aereoclube de Sergipe. São realizações que enchem de orgulho esse velho aventureiro que comemora hoje ao lado da família seus 90 anos muito bem vividos. Uma coisa é certa, muitos desenvolveram esse gosto pela velocidade e pelos perigos das corridas e dos voos em aeronaves . Mas tantos sucumbiram, por um acaso do destino ou por imprudência. Por isso Arivaldo Carvalho apesar de ser um piloto sagaz, corajoso, audacioso e desafiador, jamais abriu mão de seus conhecimentos técnicos e primou pela segurança pois o que fazia, era com muito amor, dedicava-se de corpo e alma . Alheio a opiniões contrárias. Por isso está aí para contar uma linda história e mesmo aos 90 anos de idade, ninguém se surpreenda se ao ver um avião singrando os céus do Mosqueiros ou o complexo tabuleiro de xadrez de Pirro, que não seja esse bravo guerreiro. As paredes de sua casa não tem mais lugar para tantos troféus, mas não só de glória é a vida dos simples mortais, houve em sua vida momentos de extrema dificuldades e de lutas travadas com sua própria natureza, nos flagelos a que nós todos estamos sujeitos nesse mundão de meu Deus.. Mas esse homem, pequeno na estatura mas gigante nas virtudes, nunca entregou os pontos, sábio, humilde, estratégico, simples e a mesma habilidade que sempre teve para domar as máquinas, teve também para viver, para conquistar o amor incondicional da família e dos tantos e tantos amigos.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A fome canina

Da minha geração todos os amiguinhos sempre foram bem dotados daquilo que chamamos de fome canina. Claro que nossos pais faziam a feira no sábado e o almoço invariavelmente tinha carne de boi cozida e galinha, acompanhada da dupla imbatível feijão com arroz. Mas para quem comer em casa? Para nossa turma era um sacrifício, por isso, eramos punidos com a ingestão de remédios horríveis como o Biotônico Fontoura e o intragável Emulsão Scott feito com óleo de fígado de bacalhau e associações. Haviam entre nós, mas eram raras as exceções, aqueles que apreciavam a bebida. Assim como primitivos na savana enfrentando intempéries e animais selvagens, vagavamos obstinadamente pelas matas e sítios, hora caçando, hora pescando, outras vezes invadindo os sítios e dilapidando as plantações. Era uma fome insaciável que nunca tinha fim. Alheio aos perigos, espingardas de sal grosso e outras ameaças nos embrenhavamos até nas mais obscuras grutas para capturar gias de peito, prevalecia a lei do instinto. E para quem achava pouco as léguas e léguas percorridas em busca de alguma guloseima, cada uma no seu devido tempo. Tempo de caju e castanha, de manga, de cajá, de umbú , de jaca , milho etc, ou pescarias nos açudes e tanques e caçadas com baleadeiras, tal qual cães vira- latas ainda rebeiravamos o curral do açougue nas sextas em busca da benevolência de alguma fateira que nos oferecesse pedaços de fígado e rins bovinos, assados com sal e devorados ali mesmo com muita avidez. Um dia, o grupo reunido rumou para a Chã, ali havia uma unidade da CSL, aproveitando um descuido da vigilância, naquele dia não havia vigia de plantão, entramos e munidos de copos e caçarolas improvisadas, sob as ordens do faminto mor, Airton de Nicinha passamos a degustar um produto esquisito que pela consistência era pura gordura láctea, provavelmente para fabricação de manteiga, armazenada em grandes cilindros metálicos, ainda sorvi uns 200 ml daquela comida repugnante e logo enjoei. Ao chegar em casa à noite não consegui nem abrir o portão fui acometido de uma tremedeira terrível, algo muito estranho que durou uns quinze minutos, depois passou. Os cinco dias que se seguiram não comi nada só bebia água, tive uma caganeira que durou 5 dias, fiquei magro e com olheiras. Só melhorei com comprimidos de Enterivioforme. Mas logo estava de volta com a turma de famintos atras de mais comida. Havia um hábito na época de se promover um cozinhado, se não convidasse era motivo de inimizade. Comemos de tudo e de todos, mas quando nossos pais chamavam para a mesa , ninguém queria comer nada. Na farmácia as mães preocupadas se queixavam a Faroaldo ou Paulinho. “ Não sei o que fazer para acabar com o fastio desse menino” E os meninos de bucho cheio de tudo que Deus deu. Um dia no bar de Epitácio, um funcionário da Odebrecht trouxe uma enorme gibóia e ofereceu para quem quisesse degustar o exótico banquete. Para abrir o apetite, Zé Pequeno providenciou um litro de aguardente que no seu interior continha outra serpente, todos nós bebemos e comemos cobra naquele dia. Muitos curiosos com receio de comer ficavam só na vontade. “Que gosto tem?” a resposta era sempre a mesma “gosto de galinha” Assim também falou Bufa na praça no dia que cozinharam um saruê. Todos afinal concordaram, tinha mesmo gosto de galinha. Boa justificativa para matar essa fome canina.