quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

É NOME TUPI



"Aracaju é nome Tupi, Nenhegatun Tupiniquim" Ara cajueiro dos Papagaios, de Araras e terras de Serigy". Este lindos versos fazem parte da música do compositor sergipano Irmão. Há 2 décadas eu carregava debaixo do braço um violão sofrivel , porque naquela época eu não tocava quase nada e hoje vinte anos depois continuo a mesma coisa. Mas um dia na concha acústica da praça Tobias Barreto, após um grande show da dupla Irmão e Tonho Baixinho, fui até eles e pedi que me ensinassem a tocar a música "Nenhegatum" Irmão sem cerimonia , pegou o seu Ovation e mostrou os acordes lentamente como bom mestre. Com aquele jeitão humilde. Aprendi e jamais esqueci e sempre que pego no violão nos meus momentos de lazer canto essa música que é um épico da sergipanidade. Fiz amizade com ele, e cada dia que passava, nutria mais admiração pela figura maravilhosa, com voz calma e poética popular. Irmão trabalhava nos orgão culturais e sempre respirou cultura, mas é um dos mais consequentes dos artistas de sua geração . Detentor de uma obra que ficará para as futuras gerações. O seu perceiro Tonho Baixinho dispensa comentários, músico de quatro costados , adepto do movimento cultural aracajuano. A dupla Irmão e Tonho Baixinho fez centenas de apresentações nos anos 80, ousaram e gravaram seus discos. E para mim o que é mais importante é a originalidade desses artistas com belas canções com liguagem afro . São responsaveis por uma página na história de nossa música. Não esqueço do Teatro Atheneu lotado e a dupla acompanhada por uma banda, em sua melhor fase, arrancando muitos aplausos.

Mas o jeitão manso de Irmão , não nos sai da memória . Fiquei sabendo que ele passa por um momento dificil, com a saúde em frangalhos . Soube que organizaram inclusive um show beneficente com artistas da terra para arrecadar fundos para o seu tratamento. Fiquei comovido mas ao mesmo tempo perplexo, de assistir um artista do quilate de Irmão não ser acolhido pelo Estado. Tanto que ele contribuiu para nossa cultura, dedicando sua vida à arte. Tá na hora de reconhecer nossos valores enquanto estão vivos, e em tempo ajudar ao músico, ao poeta, neste momento tão dificil de sua vida. Uma questão de justiça para com nossos valores culturais.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O ADEUS A PAULO PARRON


O meu amigo Paulo Parron nos deixou recentemente vítimado por uma hepatite. Tomamos uma cervejinha de despedida na areia da Atalaia há poucas semanas atrás. Rememoramos os velhos tempos nos idos de 80 quando Aracaju viveu um grande momento de efervescência cultural. Aquilo era uma despedida e eu nem me toquei. Dos shows de Caetano e Gil iamos direto para a tietagem regada sempre a muito vinho e outras loucuras. As vezes no sítio do arquiteto Luis Mangueira na Jabotiana ou mesmo em bares como o Barbudos do saudoso pernambucano Henrrique Dias Gabriel. As vezes também na casa do poeta Amaral Cavalcante na rua do G Barbosa da Atalaia. Ali passamos noites em claro tietando personalidades do mundo artístico do calibre de Nelson Cavaquinho, Clementina de Jesus, Artur Moreira Lima.

"Você se lembra da Panela da Arte Magno?" insistia ele , mas não é do meu tempo. Sou do tempo do Cio da Terra capitaneado por Fit e do pub Aires capitaneado por Mel e Moranguinho. A noite de Aracaju era maravilhosa com suas poucas e boas opções. Havia o Over Night onde a gente dançava no trenzinho da Thurma. Parron habitava o teto das estrelas.

Paulo não só viveu intensamente esse tempo como foi protagonista de muitas histórias no seu bar e lanchonete Scooby Doo, localizado na Av Barão de Maruim onde uma pleade de malucos costumava se reunir. O bar também era o favorito dos líderes estudantis do DCE, onde noitadas eram regadas de cerveja e acaloradas discussões políticas. E Paulinho sempre distribuindo simpatia e fazendo amizades. Com o fim do Scooby montou uma lanchonete no Terminal do Dia, quem arrumou pra ele foi Bosco Mendoça, alí estabeleceu seu comercio por anos, mas sem a clientela seleta de antes. Tempos depois fundou o Club do Sanduiche na Atalaia. E mais recentemente enquanto trabalhava como moto boy do restaurante vegetariano Ágape, ensaiava voltar com o Scooby Doo ali na Coroa do Meio na Av. Antônio Gois , já tinha até placa na fachada, mas não chegou a funcionar pois ele se foi desse mundo, deixando muitas saudades.