quarta-feira, 21 de março de 2012

Uma trágica surpresa


A cidade de Frei Paulo sempre manteve uma intrínseca relação com as máquinas. Carro por lá sempre foi símbolo de status e poder. Muitos por conta disso fizeram fama como, por exemplo, Antônio Dantas Nunes, o Tonho de Batista, ele era um exímio ás do volante. Seu trabalho era transportar leite para Aracaju, produzido nas fazendas do seu pai, o próspero pecuarista Batista Félix, considerado naquela época o homem mais rico de Frei Paulo. Muito trabalhador e atencioso com seus pais e os amigos, Tonho logo conquistou a confiança de todos e com isso uma boa situação financeira. Por isso satisfazia os seu mais exigentes e extravagantes sonhos de consumo, que eram os carros e as motos. Ele abusava de velocidade e sua fama foi crescendo. “tirou em cinco minutos daqui pra Itabaiana”. Ele trafegava por aquelas estradas empiçarradas e esburacadas em altíssima velocidade. Tonho era um modelo perfeito de play boy do sertão.
Em 1970 ele passeava pela cidade com o mais top de todos os carros, um Opala SS vermelho, personalizado. Quando ele passava devagar, passeando altivo pelas ruas, arrancava suspiros das moças da cidade, despertando paixões. Usava um elegante e bem cuidado bigode, era um cara sorridente que se dava com todo mundo, muito amigueiro e brincalhão. Um dia ao sair da Papelaria, a do Mané de Casaca Preta, fui atropelado por ele e por pouco não tive o crânio esfacelado. Ao cair vi o pneu de caminhão travado pela frenagem parando a poucos centímetros de minha cabeça. Por pouco não morri. O caminhão era um antigo Ford Amarelo, o Carro do Leite que transportava também os alunos para Quissamã, onde ficava o Colégio Agrícola Colégio Agricola Benjamin Constant.
Houve um tempo que as motos entraram em moda, enquanto muitos se exibiam com suas motos de 50 e 100 cc, Tonho passou a desfilar na cidade com uma Suzuki, de 380 cc, uma moto grande potente e que custava muito caro. Somente os ricos podiam possuir a tal moto. Tonho era freqüentemente advertido por amigos e pelo pai para não abusar da velocidade com essa moto. Mas ele não dava a menor importância para os conselhos, e confiava muito na sua comprovada habilidade para dirigir em alta velocidade. Apesar de fazer isso com freqüência nunca tinha sofrido nenhum acidente grave.
Um dia, no ano de 1973, ele pegou a estrada em direção a Carira e ali, logo depois da entrada de Alagadiço, na curva onde ficava a fazenda do próprio pai, aconteceu o que todos temiam: um gravíssimo acidente. Luizão ia passando com seu Maverik e viu Tonho ensangüentado coberto de poeira na margem da estrada de piçarra. O quadro era de extrema gravidade. Levado para o hospital de Frei Paulo, ficou aos cuidados do Dr. Jairo. Uma multidão se aglomerou diante do hospital, aguardando notícias sobre seu estado de saúde. Às 5 horas da tarde, veio a notícia de sua trágica morte, causando uma comoção jamais vista entre os freipaulistanos. Ele morreu aos 27 anos de idade, o que motivou uma lacuna muito difícil de ser superada entre os tantos amigos de sua geração.

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