sexta-feira, 4 de março de 2011

Um mergulho na escuridão


Um acidente aéreo lamentável aconteceu em 1989, um boeing 737-200 da Varig fazia um vôo de Marabá para Belém do Pará. Era o vôo 254 . Esse avião havia saído de São Paulo e seguido em direção à região norte do país, onde fazia um pinga- pinga pelos aeroportos do norte do país. Passou em Imperatriz do Maranhão, e de Marabá seguiu com 54 passageiros à bordo em direção a Belém. Recetemente assisti a alguns depoimentos de sobreviventes e fiquei impressionado com os horrores vividos por aquelas pessoas . Uma viagem que duraria no máximo 45 minutos durou mais de três horas e acabou num mergulho na escuridão da floresta a mil quilômetros do destino.

Tudo isso aconteceu por uma falha do piloto, que ao ler o plano de vôo , cometeu um erro grotesco. Para chegar a Belém, o Boeing teria que seguir uma rota de 27 graus ao norte de Marabá e não, 270 graus. O copiloto , por sua vez, programou a aeronave com base no plano do comandante, o que os levariam a La Paz na Bolívia. Naquele tempo, os vôos na Amazônia não contavam com o auxílio de radares. Perdidos na imensidão da floresta já por volta de 9 da noite o acidente aconteceu.

No jargão aéreo tornou-se conhecido como “ o acidente do comandante Garcêz”. E esse Garcez antes de descer com a aeronave avisava frequentemente aos passageiros “ainda temos uma hora de combustível. Veja o teor desse aviso quinze minutos antes da tragédia:

“Senhoras e Senhores passageiros aqui é o comandante Garcez que vos fala, tivemos uma pane de desorientação do nosso sistema de bússola, estamos com nosso combustível já no final apenas 15 minutos. Pedimos a todos que mantenham a calma , uma situação como essa é muito difícil de acontecer. Deixamos a todos a esperança que isso não passe de apenas um susto pra todos nós. E que tenha todos um bom final”

Um passageiro que sobreviveu relatou que faltando cinco minuto o comandante voltou a avisar.

A revista Veja publicou na época uma grande reportagem sobre esse fato em que relata os minutos finais do acidente: ( "É bom que vocês prestem muita atenção ao que eu vou dizer", começou a comissária-chefe, Solange Nunes, ao determinar com voz firme, mas calma, que os passageiros colocassem as poltronas na posição vertical e protegessem a cabeça entre os joelhos. Antes desse aviso, o ambiente entre os 48 passageiros era o de uma confusão aflita - as dependências da cozinha chegaram a ser invadidas, garrafas de uísque e latas de cerveja foram distribuídas entre os viajantes. Ao serem informados dos cuidados que precisariam tomar, muitos deram-se as mãos e choraram. Quando o comandante César Garcez desligou as turbinas, no entanto, o avião ficou em silêncio - tão quieto que era possível ouvir a respiração de quem sentava-se ao lado. Por cinco minutos, o Boeing deslizou sobre as árvores, até que se ouviu um choque - as asas haviam sido arrancadas. O segundo estrondo foi maior - o avião chegara ao chão com suas 56 toneladas.)

O impacto foi simplesmente devastador, a desaceleração matou muitos, varias poltronas foram arrancadas e arremessadas para frente e quem estava sem o cinto foi esmagado.

Depois disso começou a luta pela sobrevivência na selva , o saldo final foi de 14 mortos, os sobreviventes foram tomados pela euforia, e o resgate se deu 40 horas após o desastre. Houve quem comemorasse o fato de estar vivo e , morreu depois como uma senhora que estava com hemorragia interna e não sabia, ela morreu na base da Serra dos Cachimbos a caminho do hospital.

2 comentários:

  1. Foi foda esse acidente mesmo!
    Dá arrepio todas vezes que eu leio algo sobre ele, mesmo eu não estando lá!

    http://www.youtube.com/watch?v=xCud6UpGsKM

    http://www.youtube.com/watch?v=nq6ZmvcekJ8&feature=related

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  2. Sou fã do Comandante Garcez. Meu sonho é conhece-lo.

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