segunda-feira, 14 de março de 2011

Garimpo Urbano


Como reporter de TV, um dia consegui um furo de reportagem com minha curiosa matéria sendo gerada em rede nacional. Foi uma grande emoção, e graças ao meu faro jornalístico transformei algo que parecia banal em uma notícia interessante. Naquele tempo , por volta de 1985, eu morava no Jardins das Hortências na Av. Nova Saneamento e aquela nova avenida era um constante canteiro de obras , onde as construtoras daqui erguiam seus suntuosos espigões. Uma febre imobiliária.

Toda vez que tomava um atalho, na saída para o trabalho, havia um cidadão, um caboclo de seus quase sessenta anos , que o tempo inteiro escavava e revolvia a terra. Um dia, me aproximei e passei alguns minutos observando o que aquele homem fazia, diariamente naquele mesmo local e o que vi, achei impressionante. Ele escavava terra e passava por ela um grande imã, este voltava cheio de pregos e ele os colocava num carrinho de mão. Ele tirava carrinhos e mais carrinhos de pregos de todos os tipos daquele local. Uma maneira inusitada de ganhar a vida. Ele sobrevivia garimpando prego em plena selva de pedras. Quis saber de onde vinha tanto prego.

O tal caboclo me explicou, que onde se constrói prédios , os peões de construção cozinham sua comida de arroz com feijão. A madeira utilizada para cozinhar é cheia de pregos , ao ser queimada os pregos e as cinzas vão para a terra. Com essa curiosa atividade ele sustentava sua família, garimpando pregos nas obras. O prego que ele juntava era vendido no ferro velho , por quilo. Fiz uma entrevista com o caboclo e veiculei na TV Aperipê que na ocasião agradou aos pauteiros da TV E ,que veiculou essa reportagem em cadeia nacional.

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