quarta-feira, 25 de abril de 2012

Um gigante do comércio sergipano

Vindo de uma prole numerosa, Oviêdo Teixeira iniciou-se no comércio, com toda humildade, varrendo o chão de uma loja de tecidos em Itabaiana. Depois passou a ser vendedor. Nesse emprego ele permaneceu por dez anos e aprendeu a arte de negociar. Nascido em 10 de abril de 1910, filho do casal João Teixeira e Maria São Pedro Teixeira. (D. Caçula). Em l929 reuniu as economias de sua mãe, algo em torno de 2.400 contos de reis e começou a trabalhar por conta própria. Na cidade de Ribeirópolis, naquela época, chamava-se Saco do Ribeiro ele começou com uma banca de tecidos na feira. Já na primeira semana, apurou 900 reis, então viu que o negócio era bom. Algum tempo depois, surgia a sua loja a Casa Teixeira, que no ano de 1939 aportara em Aracaju. Folheando o álbum de família desse ícone da história de Sergipe, é possível vê-lo elegantemente vestido na época que atuava como mascate, sempre impecável nas roupas da época, era Oviêdo, um batalhador, otimista por natureza. Um jovem empreendedor, que ousou romper as fronteiras do pequeno feudo e partir para negócios mais promissores. E assim fez o Sujeito, como era conhecido, pois a todos se dirigia com essa palavra dita sempre de forma carinhosa. O brilhante historiador Luis Antônio Barreto sobre ele escreveu: "Sabino Ribeiro, Bastos Coelho, José Alcides Leite, Constâncio Vieira, Heráclito Dantas, Pedro e Mamede Paes Mendonça, dentre outros incluindo Oviêdo Teixeira, tiveram oportunidade e venceram, sustentando a atividade produtiva, mesmo quando, o açúcar decaiu, o algodão quase sumiu do mercado, e o arroz do Baixo São Francisco e o gado deram sinais de declínio, empobrecendo dezenas de famílias ricas e poderosas" Se existe um sergipano do qual podemos nos orgulhar é esse tal Sujeito, um desbravador que com sua atuação desenvolvimentista, rompeu com a arcaica política coronelista da época, sendo alvo de perseguições econômicas e políticas. Mas, a sua obstinação não deixava espaço para abrir mão dos seus sonhos. E assim lutou obstinadamente. Foi ao Rio e São Paulo e estabeleceu uma rota de mercadorias para Sergipe, algumas importadas de preço sedutor e qualidade comprovada. Eu era pequeno, lá em Frei Paulo, mas ainda ecoa nos meus ouvidos o carro de alto-falante circulando na cidade, com a musiquinha: " Meu voto é de valor é Oviedo pra senador. Meu voto não tem segredo, pra senador é Oviedo. Eleitor da capital, eleitor do interior, Vamos votar em Oviedo para nosso senador..." Um dia na Praça da Feira no ano de 1966(ou seria na segunda derrota para o Senado nos anos 70) fomos surpreendidos pela decida de um helicóptero vermelho. Havia um vendedor de chapéu de palha, que ficou sem nenhum chapéu, com o vento forte provocado pela hélice da aeronave. Oviêdo desceu e com elegância seguiu a cumprimentar os eleitores na feira de Frei Paulo, onde o povo já nutria por ele profunda admiração. Parecia um sonho, ver aquele helicóptero, pousado ali bem na frente da casa de Seu Antônio de Germino, proprietário da Destilaria Imbira, o homem que trouxe água encanada pra Frei Paulo. Oviêdo não foi eleito senador, mas seu filho José Carlos Teixeira, visto em Frei Paulo como um mito, foi eleito deputado federal e teve excelente atuação em defesa do país De volta à aeronave seguiu, não sem antes acertar as contas com o homem dos chapéus, seu vôo foi para a cidade de Pedra Mole, onde o velho prefeito Laves o esperava. Um amigo a toda prova. Líder nato daquela gente, homem de muito brío. Era um dentre os grandes amigos do Sujeito. A trajetória desse empresário, é conhecida de todos os sergipanos, isso porque ele cresceu pela sua perseverança e dinamismo, entrou para história como um homem honesto, dedicado ao trabalho e a família. Em 1962 ano em que eu nasci Oviêdo já era dono de grandes empresas e sua família igualmente prosperou em outros setores da economia sergipana, tais como, a construção civil, através da Norcom, e transportes, através do sogro José Lauro Menezes da Bomfim. E do senador Lauro Antônio seu querido neto. Dava expediente diariamente na Cimavel concessionária Ford. Além disso, tinha também a Saboaria Celeste. Em 70, a Discar que era comandada pelo irmão Elpídeo e Carlos Lyra sogro. Além de toda essa atuação empresarial Oviêdo era um respeitado criador da raça Indubrasil, suas fazendas eram modelos de como é possível vencer no setor primário da economia. Isso o deixava muito feliz, A Fazenda Salgado em Frei Paulo é o maior exemplo disso. Lá nos finais de semana ele se refazia das mazelas do dia a dia atrás do balcão. Oviêdo era simples, brincalhão, amigueiro e também um homem muito responsável com seus negócios. Eleito deputado, teve uma atuação pautada na ética e na valorização dos anseios comunitários. Em 2010 foi comemorado o seu centenário e entre os depoimentos de parentes e amigos destacamos o de seu filho, o engenheiro Luis Teixeira, ele relata uma viagem à Terra Santa quando o seu pai fez amizade com um jovem punk árabe (é raríssimo punk por lá) depois de encontrá-lo numa loja de lembranças, o jovem se apaixonou pelo jeito simples e o sorriso do Sujeito. Um dia depois numa fila eles voltaram a se encontrar por acaso. Relata Luis, que foi emocionante a manifestação de alegria dos dois. Pareciam velhos amigos. Acho que o sujeito ali reencontrou sua origem cristã. Eu também tive o privilégio de gozar da amizade do Sujeito, sempre ia visitá-lo na sua concorrida mesa na Cimavel. Entre outras coisas pedia conselhos, pois também quero meu lugar ao sol. Outra vez, peguei com ele, uma carona de Aracaju para Frei Paulo, foram momentos inesquecíveis ele contava de sua vida e de sua luta naquelas terras. Um prazer, e uma honra, de ainda jovem beber naquela inesgotável fonte de sabedoria, afinal ali, ao meu lado, estava uma das mais importantes personalidades da vida sergipana do século XX. Oviêdo foi um homem filosófico, antenado com a modernidade ,cuidou para que cada filho tivesse seu vôo próprio e conseguiu. José Carlos Teixeira foi um político que marcou época em sua luta pela fundação do MDB (Na época a única trincheira de luta das oposições.) José Carlos Teixeira nunca se preocupou em ganhar dinheiro, e aquele que era para ser o sucessor do grande exemplo de trabalho da família Teixeira, prosperou no campo das idéias. Tornou-se um fomentador insaciável da democracia brasileira. Os filhos Tarcisio e Luis tocaram com muita competência a Construtora Norcom e a transformaram numa gigante do setor. João na Cimavel segurou a peteca e até hoje mantém liderança em vendas da marca Ford. Enfim, Oviêdo vivia em função da família, para ele mais importante do que a pátria. Era com um ar lacônico que ele falava de D. Alda, a zelosa mãe dos seus filhos que faleceu em 1979 deixando uma grande lacuna em sua vida. Ela o acompanhava nas campanhas políticas em Frei Paulo. Ele morreu em 2001 foi uma perda irreparável para Sergipe. Mas uma coisa é certa, o Oviêdo Teixeira inspira até hoje as novas gerações os jovens empreendedores, e se for para falar em desenvolvimento e progresso em Sergipe haveremos de reconhecer que a sua vida foi uma incessante luta pelo desenvolvimento econômico do seu estado. Um verdadeiro gigante do comércio sergipano. Frases de sua autoria: " Triste do homem que não tem roda familiar" "A pessoa que diz um sim sem carinho , está negando . É melhor dizer não" "Na nossa vida não há problema sem solução" "Ave Maria , quase tive uma vertigem!( Palavra dita logo após um vendedor ter dito o preço de uma peça)" Após 38 anos de comércio de tecidos, sai do ramo. “Há momentos na vida que não podemos titubear” " O trabalho dá saúde e inteligência"

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