terça-feira, 4 de junho de 2013

O adeus ao padre Gerard Olivier

“Se eu tentasse entender, por mais que eu me esforçasse eu não conseguiria. E aqui no coração, eu sei que vou morrer, um pouco a cada dia. E a amargura e o tempo vão deixar meu corpo, minha alma vazia. E sem que se perceba a gente se encontra pra outra folia”. Foi com esse refrão da música de Oswaldo Montenegro e entoando a música Meu Bom José, que os moradores do Vale do Japaratuba saíram em cortejo na despedida ao prefeito Padre Gerard Olivier (PT) no final da manhã desta terça-feira, 4. Nunca na História de Sergipe, tinha sido visto um sepultamento que reunisse tanta, mas tanta gente quanto o do padre Geraldo Oliveira, como era conhecido. Desde as primeiras horas da manhã, chegava gente de todos os lados. Homens, mulheres, crianças, idosos, políticos de vários partidos, padres, pastores, trabalhadores Sem-Terra. Mas, acima de tudo: o povo. Povo a quem o religioso, que foi prefeito de Japaratuba por quatro legislaturas se dedicou com tanto afinco que a despedida não poderia mesmo ser diferente. “A cidade parou porque esse homem fez demais por esse povo. Padre Geraldo representa muita coisa boa. Lutou com toda a garra até os últimos dias de sua vida por nós. Ele foi um herói, mas acima de tudo foi um pai para todo o povo de Japaratuba. Nós até sabemos que ele está com Deus, mas não tem como não parar de chorar. A saudade vai ser grande”, destaca a dona de casa Eliane dos Santos. “Minha filha, Japaratuba nunca vai ser a mesma. Ontem (3), quando ficamos sabendo que Padre Geraldo tinha morrido, a cidade chorou de uma vez só. As palhas dos coqueiros pararam. O céu ficou escuro, choveu. Só se ouvia as lamentações pela cidade. Todo mundo chorando. Até as crianças choravam demais. A dor que a gente tá sentindo é muito grande”, acrescenta Maria Justina. Na pregração, Dom Mário Rino ressaltou que o padre Geraldo deixou um testamento. “Não foi um testamento de bens materiais porque ele morreu pobre como nasceu, mas de bondade, de dignidade. Vai se apresentar diante de Deus com as mãos limpas, cheias de obras boas. Ele soube exercer o exemplo da diaconia, que é o de servir à Deus, com uma grande virtude: a virtude da humildade. Serviu até o último momento sem olhar a saúde, poderia até ter prolongado a vida, mas escolheu servir. Homem muito discreto, nunca se ouviu dele uma palavra que desabonasse alguém. Diríamos, um homem de paz”, enfatiza. Muito emocionado, o vice-prefeito Hélio Sobral afirmou: “Prefeito, o Senhor deixa nas minhas mãos, uma responsabilidade muito grande e eu farei tudo para continuar o trabalho a serviço do povo. Um forte abraço”, diz sem conseguir segurar as lágrimas.

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